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Crítica | A Noite do Jogo

Ação, situações absurdas e muita diversão. A Noite do Jogo é uma aventura frenética e bem estruturada.


Noite de jogo com seus amigos e seu irmão babaca resolve aparecer e cria um jogo de investigação em que um dos participantes será sequestrado e os outros devem seguir pistas para encontra-lo. O vencedor levará um grande prêmio: o carro dos seus sonhos. Cenário perfeito para uma noite desastrosa em que você será humilhado, correto? Felizmente, seu irmão acaba sendo sequestrado de verdade e é a sua chance de ser o grande herói!

Essa situação absurda, seja pela coincidência ou pela excentricidade das pessoas envolvidas, fica ainda mais absurda pelas proporções dos eventos, que vão de  um "clube da luta" para ricaços e uma cirurgia improvisada para remover um projétil até uma trama do crime organizado internacional e planos mirabolantes para evitar a decolagem de um avião. Sim, o filme dirigido por John Francis Daley e Jonathan Goldstein, roteiristas de "Quero Matar Meu Chefe", aposta em ironias com estereótipos e comportamentos humanos em situações surreais ao cotidiano para criar um humor de abordagem sagaz e auto referências interessantes que ironizam a loucura dos acontecimentos. Tudo isso sem parecer megalomaníaco demais, já que o filme trabalha de forma cadenciada a suspensão de descrença necessária para cada novo evento.

Organizar os eventos de maneira orgânica e deixar as piadas naturais para a trama é um dos grandes méritos do roteiro de Mark Perez (conhecido por Aprovados e Herbie: Meu Fusca Turbinado). Até mesmo uma brincadeira com "Denzel Washington" é retomada numa cena pós-créditos (sim, fique até o final). Isso cria coesão para a história, mesmo quando um plot twist parece incrivelmente exagerado. Ao fim do filme temos uma aventura que cresce conforme seus personagens interagem e se aprofundam, sempre representando paródias de estereótipos cotidianos (o "casal modelo" e o "machão mulherengo" por exemplo), com eventos bem encadeados e coesos.

Vale a pena destacar a direção e montagem do filme, que usa de estéticas muito interessantes para mimetizar a temática de jogos de tabuleiro e toma decisões corajosas, como a sequência inicial que constrói de forma rápida e convincente a relação do casal principal, interpretado por Rachel McAdams e Jason Bateman, e um plano sequência cuja execução é melhor que em muitos filmes com maior orçamento. Inclusive, o timing cômico e a química desses atores é também louvável.

Embora o tom e a coesão dos momentos de humor sejam na maior parte do tempo bem executados, em certos momentos existe uma certa repetição que torna algumas piadas previsíveis. As vezes, quando se propõe a ser imprevisível, o filme pode abusar da verossimilhança e deixar o público descrente nos eventos. Não é algo que compromete a diversão, já que esses momentos são rápidos, mas atrapalha o ritmo da história.

Uma aventura divertida, de grandes proporções e humor não convencional, sem escolher saídas comuns. Um filme competente, sem ser revolucionário, mas que diverte e conta uma boa história. Perfeito para uma noite de jogos com a galera.


NOTA: 7,5

Recomendações: "Quero Mata Meu Chefe" 1 e 2 e "Uma Noite Fora de Série" são boas recomendações para quem curtir o tom de "A Noite do Jogo".


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