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Crítica | Sem Fôlego

Adaptação do livro de Brian Selznick é um espetáculo visual, mas ritmo da trama atrapalha certos momentos da narrativa

Brian Selznick é um autor que consegue dar beleza lírica à narrativas simples e, ainda assim, bem desenvolvidas. "Sem Fôlego" é um bom exemplo do estilo do escritor: duas histórias paralelas, que possuem cenários em comum, mostrando a busca infantil por um lugar no mundo.

Em uma dessas histórias, se passando no ano de 1977 acompanhamos Ben (Oakes Fegley), um menino que tenta lidar com a morte de sua mãe e com a ausência de seu pai. Após um acidente, Ben decide partir em busca de quem é seu pai, tentando encontrar o amparo emocional e familiar que ele perdeu.

O outro arco da história, no ano de 1927, vemos a vida de Rose (Millicent Simmonds), uma jovem surda que tenta se aproximar de sua mãe, Lillian Mayhew (Julianne Moore), e para isso desbravará a hostil Nova York.

Infelizmente, a versão das telonas da trama de "Sem Fôlego" pode não agradar os públicos mais acostumados com dramas que fazem usos de dilemas polêmicos ou situações de vida ou morte. Wonderstruck (título original) tem uma história inocente sobre encontrar a si mesmo; encontrar seu passado e inspirar seu futuro. E a forma com que a história de Ben e Rose se intercalam e se espelham na tela é uma forma belíssima de mostrar que essas jornadas são algo comum ao ser humano, cada um de sua forma.

O que não ajuda no desenvolvimento da trama é a atuação de Oakes e Jaden Michael. O último interpreta o personagem Jamie, um amigo que Ben faz quando chega à Nova York. Ambos não conseguem passar tanto carisma quanto necessário, principalmente quando há a briga entre os dois colegas. Além disso, Ben acaba parecendo só uma criança cabeça dura em muitos momentos.

O melhor de "Sem Fôlego" acaba não sendo a sua trama, no final das contas. O destaque fica pela forma com que a trama é contada. A trilha sonora, de Carter Burwell, em ótima sincronia com os eventos, aludindo o cinema mudo; e a forma com que os instrumentais criam a atmosfera de cada novo ambiente e participam das transições entre 1977 e 1927 é algo fenomenal. Além disso, Todd Haynes (diretor conhecido por "Carol") e Edward Lachman criam imagens sensacionais, transformando o clímax do filme em uma verdadeira obra de arte.

Esse novo trabalho de Haynes é uma boa amostra do talento do diretor, mas certamente não é o tipo de filme que agradará o grande público. De certo, a trama é uma boa história para os corações mais tranquilos e agradará os fãs de Selznick.  

NOTA: 7 

Recomendações

Quem acompanha o trabalho de Brian Selznick provavelmente gostará da versão cinematográfica de Wonderstruck. Além disso, os fãs do filme "A Incrível Invenção de Hugo Cabret" provavelmente apreciarão "Sem Fôlego"

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