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Crítica | Paddington 2

Aventura familiar com humor de todos os gostos consegue superar o primeiro filme


Um urso falante em Londres é algo que em nosso mundo seria no mínimo polêmico. "Como o urso foi parar lá? Como ele aprendeu a falar?". Esse tipo de pergunta faz sentido no universo; em que todos os dias vemos notícias ruins nos telejornais e estamos sempre ocupados demais com nossos problemas para podermos ser educados com nossos pares. Mas, felizmente, esse não é o mundo de Paddington 2, filme dirigido por Paul King (que também dirigiu o primeiro filme) e escrito pelo mesmo em parceria com Simon Farnaby, que volta a atuar como o segurança Barry em uma das muitas piadas que remetem ao primeiro filme.

Depois de sair do Sombrio Peru e finalmente se estabelecer em Londres com a família Brown, o urso Paddington agora busca o presente de aniversário ideal para sua Tia Lucy. Um livro 3D que mostra os principais pontos turísticos de Londres, cidade que sua tia sempre quis conhecer, se torna o grande prêmio da jornada de Paddington, que começa a trabalhar para tentar compra-lo. É uma missão simples, mas que toma contornos complexos e cria cenários ideais para zombar do comportamento humano e, claro, dar uma bela lição de moral contra o egoísmo.

Os contornos complexos se dão principalmente pela quantidade de eventos. Temos uma maior participação dos membros da família Brown, cada um com sua peculiaridade típica de um momento da vida e que representa muito bem muitas famílias do mundo ocidental. A forma com que o roteiro trabalha cada peculiaridade merece destaque. Em um primeiro momento podem parecer apenas piadas com o comportamento humano, mas elas ganham um propósito e contribuem de alguma forma para o desfecho da trama. E ainda há tempo para algumas remissões a eventos do primeiro filme, como o sanduíche debaixo do chapéu. Tudo isso é feito em ótimo timing, sem ser apelativo ou caricato demais. Seria, de certa forma, um exemplo de humor britânico para crianças.

Obviamente, uma trama bem estruturada e cenas bem escritas podem ser desperdiçadas caso o filme não tenha um elenco competente. A família Brown e os colegas presidiários de Paddington (incluindo um político que pede votos) desempenham bem suas funções e representam bem os seus arquétipos. A exceção fica por parte do antagonista Felix, vivido por Hugh Grant (de Um Lugar Chamado Notting Hill).

O personagem de Grant é um ator decadente que acaba tendo as piadas mais fracas e a representação mais caricata. Para piorar, a dublagem brasileira peca em sincronia em alguns momentos, destoando do restante do elenco de dublagem que fez um ótimo trabalho, incluindo o ator Bruno Gagliasso que emprestou sua voz ao protagonista. Esses fatores não chegam a comprometer a trama, que constrói muito bem seu climax, as soluções para o conflito e entrega um emocionante desfecho antes dos créditos subirem.

Quatro anos depois do primeiro filme, Paddington 2 apresenta uma história ainda melhor, sem perder todo o clima gentil e o tom amistoso do humor presente no primeiro filme. Além disso, as animações estão ainda melhores que em seu antecessor, fazendo valer a pena todo o tempo de espera pela continuação. Embora 2018 esteja apenas começando, é seguro dizer que este é um dos melhores "filmes família do ano". 

NOTA: 9 

Recomendações: 

"Paddington", lançado em 2014, estabeleceu o tom deste sequência, sendo um ótimo filme para quem por acaso viu "Paddingon 2" sem ter visto o primeiro. "Stuart Little" também é uma boa pedida.

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