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Crítica | O Rei Do Show

Um musical encantador com uma história simples, mas eficaz.


Não é incomum se deparar com discussões sobre "o que é cultura" ou "que tipo de produção merece atenção" nos diversos espaços de interação social, virtual ou não. Também não é raro reparar em discussões sobre representatividade e aceitação da diversidade. Mas é raro encontrar uma obra que tente apresentar esses temas como "O Rei do Show" faz: com beleza e simplicidade.

Os temas supracitados não são simples. Diversas abordagens teóricas podem ser aplicadas em diversos argumentos. Contudo, o contato com essa temática faz parte do cotidiano, de maneira que qualquer um pode formar determinada opinião sobre o assunto. Dessa forma, o filme dirigido por Michael Gracey e estrelado por Hugh Jackman consegue trazer uma perspectiva pertinente e acessível para o grande público, sem deixar de ser um grande show.

Essa abordagem aos temas propostos usa como base uma versão adaptada da biografia de P. T. Barnum. E vale ressaltar que ao adaptar a biografia de Barnum, personagem vivido por Jackman, os roteiristas Bill Condon e Jenny Bicks deixaram de lado alguns fatos e "eufemizaram" outros; fatos esses que acabam manchando o legado do Showman e não foram para as telonas.

A história de "O Rei do Show" é algo clássico: um jovem pobre apaixonado por uma menina da alta sociedade que tem um grande sonho que parece inalcançável. No meio do caminho para o estrelato vemos como as escolhas de Barnum o levam à sua queda, sendo convenientemente salvo por seu sócio e encontrando a redenção em meio àqueles que o ajudaram a alcançar as estrelas. No geral, contar uma história de sonhos na forma de musical acaba se mostrando muito apropriada, com cenários que remetem a génese do cinema e os espetáculos da brodway.

Os números de dança são muito bem produzidos, com muitos dançarinos e coreografias interessantes, integrando o cenário. Nesse ponto vale o destaque para a cena em que P.T. negocia a sociedade com Phillip Carlyle, interpretado por Zac Efron, com a música mais interessante e a coreografia que melhor integra o cenário, as batidas e ritmo da canção.

Já as músicas não são tão marcantes, salvo pontuais exceções. Mas pelo menos elas funcionam bem para mostrar as transições e evoluções dos personagens. Infelizmente, isso prejudica as cenas dramáticas em si, não dando muito espaço para as atuações que, salvo durante os números musicais, acabam sendo somente regulares. Não há um momento de tensão forte o suficiente e a positividade e otimismo faz parte de tudo.

No apagar das luzes, O Rei do Show é um bom filme de época natalina. A alegria é contagiante e a história aborda de forma lúdica questões de pluralidade. Contudo, não é feita de forma profunda a ponto de ser algo principal no filme. 

A discussão sobre os variados tipos de entretenimento, com pontuais ironias referentes aos críticos desgostosos, parece ser mais interessante. Serve, também, como apoio para o desenvolvimento do próprio protagonista.

Fecham as cortinas e temos um espetáculo visual que tem o espírito positivo e otimista de fim de ano, mas não traz algo de maior destaque em meio aos vários filmes musicais. Uma boa pedida para a família ir ao cinema e um bom convite ao mundo de espetáculos para aqueles que estão menos familiarizados.

Nota: 7,5

Recomendações: Para quem curte um bom musical, os filmes "Rock of Ages", "La La Land" e " Os Miseráveis" são uma boa pedida.

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